#16 | todo refrigerante já foi água potável um dia
tá no ar um especial sobre o uso de água pela indústria de ultraprocessados (em espanhol) e uma reportagem sobre como a Coca-Cola acabou com a água de 800 famílias em Minas Gerais (em português)
Faz sete meses que não escrevo nada nessa newsletter. Por ótimos motivos (para mim): muito trabalho, e do tipo que eu quero e gosto de fazer. Reportagem. :)
Então hoje volto aqui para mostrar o resultado de algo que – veja só – começou há nove meses.
Fui correspondente no Brasil de um especial da Connectas, uma plataforma jornalística que trata de temas importantes para o desenvolvimento da América Latina. Como alimentação, por supuesto.
A série Agua por ultraprocesados: un mal negocio para América Latina teve uma equipe com jornalistas do México, Colômbia, Argentina, Venezuela e Uruguai – talvez mais algum que eu não lembre agora, dada a ansiedade de finalizar logo esse texto e enviá-lo a vocês. De modo que toda reunião era uma imersão em vários sotaques de espanhol. Perdi o medo de revelar meu portunhol e descobri que tenho muito mais vocabulário do que imaginava. E que, desde que o interlocutor não seja chileno, todos los hermanos compreenden muy bien lo que digo.
O especial traz oito reportagens, para as quais contribuí com entrevistas, compilação de dados, explicações de legislação ou particularidades brasileiras, enfim, subsidiei os editores com toda e qualquer informação que precisassem para que pudessem montar um retrato do tema no continente. Para cada informação nova, eu redigia um material em espanhol para consulta dos editores, linkando os documentos e arquivos de referência e trazendo uma explicação ou interpretação para facilitar a compreensão de alguns pontos.
Esta reportagem, por exemplo, explica como se formam e funcionam os comitês de bacia hidrográfica no Brasil e o que isso tem a ver com o custo de água pago pela indústria.
Foi um modelo de trabalho novo pra mim, que sempre apurei e escrevi tudo de cabo a rabo, entregando o texto pronto para o editor. E sempre em português, rs.
Uma das reportagens, na verdade, eu escrevi inteira, e ela foi publicada em duas versões.
É a história de como uma unidade da Coca-Cola FEMSA se instalou em Itabirito, Minas Gerais, a 600 metros das nascentes de duas comunidades rurais da cidade vizinha, Brumadinho. Pois é. Todo refrigerante já foi água potável um dia.
Em espanhol, uma versão mais enxuta do conflito: “Cómo Coca-Cola agotó el agua de 800 familias de Minas Gerais”.
Em português, a reportagem está bastante detalhada, e saiu pelo O Joio e O Trigo, veículo do qual eu orgulhosamente faço parte desde agosto como repórter: “Como a Coca-Cola acabou com a água de 800 famílias em Minas Gerais”.
As fotos são do Nilmar Lage, indicação certeira da Carol Dini, do Cebola na Manteiga, e foi uma ótima dupla.
E eu, que adoro fazer uma dobradinha com designer, estou especialmente empolgada com a infografia dessa reportagem, feita pela Clara Borges, do Joio. Traduzimos os infográficos para espanhol também, e tenho certeza que o impacto e compreensão dessa reportagem seria muito menor sem a parte visual.
É isso por hoje. Conto com a leitura e divulgação de vocês. 🍀
[mudando de assunto]
FOGO BAIXO NAS FEIRAS GRÁFICAS
Quem acompanha pelo Instagram o meu perfil ou a lojinha da fogo baixo viu que esse segundo semestre viajei bastante para participar de feiras gráficas. Mesmo pique de 2023, quando participamos de dez eventos diferentes.
Ainda que a divulgação dessa agenda tenha sido falha inexistente pelo canal da newsletter, encontrei alguns leitores em Belo Horizonte e São Paulo, o que sempre me alegra muito. Obrigada por continuarem aqui, mesmo que a periodicidade tenha ido pras cucuias. :)
Neste fim de semana, 7 e 8 de dezembro, estarei na Tijuana, no Rio de Janeiro, com fanzines, cartazes A3 e A4, panos de prato, ímãs de geladeira, adesivos, etc. É a última feira do ano. Vai ser na Casa França-Brasil, das 10h às 17h. Cola lá!
Parabens pelo otimo trabalho! Muito bom realmente.
You're back! I've missed you!